“Veríssimo não é um super-homem e sozinho não vai chegar aos Pirenéus”

Nélson Veríssimo assumiu o comando técnico do Benfica, depois da saída de Jorge Jesus.

Até ao momento conseguiu apenas uma vitória em três jogos.

Antes da sua carreira como treinador era defesa-central, tendo representado o Alverca entre 2001/2002. Vítor Manuel, pai de Vítor Bruno (adjunto do FC Porto) era o homem que estava ao comando desta equipa na altura.

O técnico continua a ver “muitas semelhanças” entre o Veríssimo atual e o jovem defesa.

“Continuo a ver um homem bastante calmo. Às vezes, na vida, temos de representar, mas o Veríssimo continua a manter o registo de um homem tranquilo e que se impõe naturalmente, sem grandes euforismos. Não quer dizer que, no balneário, não solte um grito ou outro, num determinado contexto. Se calhar até o faz, mas daquilo que vejo nas conferências de imprensa é o mesmo rapaz”.

Vítor Manuel prevê um futuro montanhoso para Veríssimo a curto/médio prazo.

“O Benfica vive um momento de enorme turbulência, dentro e forma de campo, e não é fácil a missão para Veríssimo. Recordo que ele não é um super-homem e vai efetivamente precisar da ajuda dos jogadores e da estrutura. Sozinho ele não vai chegar aos Pirenéus, nem tão pouco subir a montanha sozinho. O barco que tem ao leme é muito grande”.

“Perder no Dragão é normal [encontro para o campeonato], já o empate diante do Moreirense deixa mossa, mas ainda falta muito campeonato. No Benfica estão todos a ser escrutinados, até o Rui Costa, e se os resultados não começam a aparecer vai ser uma turbulência tremenda”.

Vítor Manuel descartou a situação de conflito entre jogadores e treinador, como a que sucedeu entre Pizzi e Jorge Jesus.

“Penso que esse tipo de confronto não se vai voltar a suceder, aí seria o caos. Conhecendo a personalidade do Veríssimo não acredito que as posições se voltem a extremar, até porque acho que a maior pressão, neste momento, está do lado dos jogadores. Os assobios no final da partida contra o Moreirense foram para os jogadores e não para o treinador. O Veríssimo acaba, nesta situação, por também ser um gestor emocional. Acho que ele está um pouco salvaguardado”.

“Os jogadores são profissionais, e muito bem pagos, e se uma situação como a do Pizzi se voltar a repetir é o fim da macacada. Com Jesus já se previa que algo desse género acontecesse, afinal a corda estava quase a rebentar, mas os jogadores não vão voltar a entrar nesta rebelião, até porque o Veríssimo não tem o estatuto, o perfil e a personalidade de Jesus e, sendo assim, não vai procurar qualquer situação de conflito com os jogadores”.

“Se o Benfica perde com o Boavista, para a meia-final da Taça da Liga, então a situação ganha contornos muito complicados, ou mesmo perdendo contra o Sporting na final da competição. Então aí deve ponderar-se se Veríssimo deve continuar ou não. A Taça da Liga veio num momento importante para o Benfica e pode representar um virar de página. Em caso de fracasso, então vão surgir consequências e a oposição vai aumentar2.