Num comunicado divulgado esta quarta-feira, o SJ critica “alguns clubes” – aponta ao Nacional diretamente, mas não ao Sporting – que optaram por retomar os treinos.
Leia o comunicado na íntegra:
“É tempo de diálogo e concertação.
Tendo tido conhecimento das críticas manifestadas pelo presidente do FC Porto, o Sindicato dos Jogadores e o seu presidente esclarecem o seguinte:
A vontade do Sindicato, dos jogadores e, estamos certos, dos demais portugueses, é voltar à normalidade. Voltar à normalidade desportiva, laboral e social, podendo terminar um período difícil de confinamento em nome da saúde pública.
Porém, não foi o Sindicato ou qualquer organização desportiva que decretou o Estado de emergência. Nesta matéria, a opinião que o Sindicato tenha não conta, na medida em que não influenciará os pressupostos a partir dos quais o Estado de emergência possa ser levantado. Como não conta a simples intenção dos clubes, e ainda bem que assim o é. Respeitamos as autoridades públicas, em particular o trabalho da Direção Geral de Saúde e temos elogiado o trabalho do Governo, em particular do Primeiro-Ministro, que nos transmite autoridade e confiança, ao contrário do futebol que nalguns casos se tem comportado de forma errática e egoísta.
A posição do Sindicato é, por isso, sensata. Limitamo-nos a constatar o óbvio, que o regresso deverá ser feito com garantias de segurança, independentemente da profissão. O futebol e os seus praticantes não são exceção, todos os trabalhadores sabem que voltarão à normalidade possível, assim que estiverem determinadas as orientações que todos devemos seguir, pelas autoridades de saúde.
O que o Sindicato criticou, e mantém, foi a forma como alguns clubes, unilateralmente, decidiram retomar a atividade, em pleno período de confinamento e Estado de emergência, desde logo o Nacional da Madeira, por ter sido o primeiro a fazê-lo, impondo aos seus jogadores o regresso aos treinos quando o protocolo a implementar para minimizar o risco de contágio pelo Covid-19 ainda está a ser discutido por especialistas, médicos e organizações desportivas, assim como a estrutura do novo calendário competitivo.
O regresso aos treinos poderia e deveria ter sido consensualizado entre todos os clubes, garantindo condições de igualdade, e deveria ter ocorrido findo o período de emergência. Podíamos ter evitado discordâncias públicas entre o parecer do médico e administração do clube, como aconteceu no caso do Nacional.
Para que fique claro, o Sindicato nunca preconizou o término de nenhuma competição. Nem das provas da formação, nem das competições não profissionais, mas esteve ao lado da Federação Portuguesa de Futebol quando a decisão foi tomada, primeiro porque compreendemos a importância desta medida e, mais importante ainda, porque somos responsáveis e percebemos os valores maiores que se pretendem salvaguardar, como é o caso da saúde pública.
No que diz respeito às competições profissionais, seguimos as orientações internacionais da FIFA, UEFA, FIFPro, European Leagues e ECA, de que a época desportiva deve poder terminar. Em nenhum momento, publicamente ou nos grupos de trabalho criados com a Federação Portuguesa de Futebol e a Liga Portugal, o Sindicato se manifestou contra a retoma da competição e conclusão da presente época desportiva, por ter plena consciência do impacto económico e do risco para a estabilidade das relações laborais entre clubes e jogadores, que tal posição poderia originar.
Embora haja sinais animadores dados pelo Governo, neste momento não existe, que o Sindicato conheça, um parecer favorável da Direção Geral de Saúde relativamente à retoma da atividade desportiva nestas condições e uma indicação clara dos requisitos mínimos que devem estar preenchidos para a retoma. Se o Sindicato não acreditasse nessa retoma, não estaria empenhado em discutir com a Liga Portugal o protocolo que irá ser implementado e as medidas necessárias para proteger a saúde dos jogadores e demais envolvidos no espetáculo desportivo, em diferentes níveis.
Desta forma, o Sindicato reitera que deseja que a competição possa terminar, o que não pode, assim como nenhuma entidade desportiva o deveria fazer, é substituir-se às autoridades de saúde nacionais na definição do momento em que tal poderá acontecer.
Lamentamos que o presidente do FC Porto tenha visado o Sindicato numa matéria que nos parece consensual.
Lamentamos, ainda, que alguns clubes, em vez de se concentrarem nos problemas, procurando soluções e unindo esforços para credibilizar o futebol, compreendendo que é a estabilidade da modalidade, no seu todo, que está em causa, se entretenham a criticar o Sindicato.
O Sindicato, que não chegou a acordo com a Liga sobre a redução salarial porque se pretendia fazer cortes definitivos até 50%, viu a maioria dos clubes subscrever a sua proposta: a de que os cortes feitos agora deveriam ser repostos no futuro, estando diariamente a apoiar o diálogo e mediação entre jogadores e clubes que ainda não fecharam os seus acordos.
O Sindicato, que na matéria da férias, cedências e prorrogação de contratos, se mostrou sempre disponível, convocando a Federação Portuguesa de Futebol para a discussão.
O Sindicato, que tem procurado assumir uma posição responsável, facilitadora e conciliadora, que não manda recados, preferindo discutir seriamente os problemas, dando um sinal de maioridade que outros não fazem.
É momento de privilegiar o diálogo para uma solução que é desejo de todos. Apelamos, por isso, ao esforço comum para encontrar o melhor plano a implementar nas instalações desportivas, nos estádios, nas deslocações e logística associada à realização dos eventos desportivos, em defesa da saúde e da segurança de todos.
Mais se informa que o Sindicato estará sempre disponível para esclarecer as suas posições, se necessário junto de cada clube, mesmo que divergentes, evitando, sobretudo, mal-entendidos que não contribuem para o clima de confiança e tranquilidade que este momento nos exige.