Ricardinho admitiu numa entrevista ao jornal espanhol ‘Marca’ que passou por graves problemas psicológicos durante o Mundial de Futsal.
“Sempre disse que foi a cereja no topo do bolo, foi incrível, era o título que me faltava, a final que mais desejava jogar. Chegar, jogar e ganhar foi incrível. Não esperava que acontecesse tão tarde, aos 36 anos, mas aconteceu no momento mais duro da minha carreira, depois de superar uma lesão muito difícil”, explicou Ricardinho.
“Agora estou a passar um pouco por essa fase, de muitas dúvidas e problemas psicológicos, por tudo o que passei em França, ao apostar num projeto que correu mal, a lesão… Foi difícil para mim focar-me apenas no Mundial, cinquenta e tal dias a treinar… Nós como líderes temos de mostrar segurança, confiança, temos de animar, ajudar quando há problemas, porque houve… Mas por dentro também temos problemas, mesmo que não os possas mostrar. Por momentos duvidámos das nossas capacidades, mas queríamos fazer história e para isso tínhamos de ir à final. Quando nos apurámos foi como se nos tirassem um peso de cima, mas já que estávamos ali queríamos desfrutar.”
Ricardinho conta que a Seleção tinha um psicólogo no Mundial. “Já o temos connosco há algum tempo e ajudou-nos muito. Fala bastante com quase todos os jogadores e penso que este deve ter sido o torneio em que teve mais trabalho. Uns tinham dúvidas, outros confiança, alguns ficavam fora da lista e queriam saber porquê… Controlar uma equipa de 14 ou 15 cabeças e focar todos no mesmo objetivo não é fácil. Eu tive várias conversas com ele, foi uma competição muito dura para mim, pela primeira vez na vida terminei esgotado. Ganhámos e no dia seguinte fui para Paris, precisava de ficar só, nem visitei a minha família. Sei que isso não foi justo, mas só queria respirar e dormir. Este ano foi muito difícil para mim. A cabeça manda, vimos o caso da Biles e isso aconteceu-me. Aconteceu-me no Mundial, cada dia para mim era um sofrimento. Dediquei-me tanto a isto que me esqueci do resto e agora o corpo ressente-se.”
“Os únicos momentos em que senti felicidade pura e espontânea foi ao ganhar a meia-final, porque já era história, e quando levantei o troféu. Pensei ‘colocámos Portugal no topo do Mundo’ (…) Foram os únicos momentos em que fui feliz. Sofria a cada dia, a cada treino. Falei com muita gente que tinha sido importante para mim, que me tinha ajudado nos piores momentos.”