“Seria de doidos pensar que alguém se venderia por uma peça de roupa ou por um repasto bem aviado”, diz Duarte Gomes

Duarte Gomes comenta o tema dos ‘vouchers’ e diz que um ex-árbitro como ele que agora desempenha as funções de comentador de temas relacionados com a arbitragem não poderia passar ao lado desta situação, deixando um esclarecimento. “Somos todos sérios, mas não somos todos burros”, assegura, falando depois do “famoso ‘Kit Eusébio'”, que também recebeu.

“Não tinha nenhuma nota adicional a pedir algo em troca. A camisola que o Sporting um dia me ofereceu (com o meu nome nas costas) ou a que recebi do FC Porto, numa Final da Taça de Portugal, também não”, revela Duarte Gomes, em artigo de opinião no jornal ‘A Bola’.

O ex-árbitro considera que “seria de doidos pensar que alguém se venderia por uma peça de roupa ou por um repasto bem aviado” e diz saber porque “não” é “parvo” que “nenhuma das ‘prendas'” oferecidas “pressuponha algo mais do que um gesto de bom anfitrião”.

No que toca ao caso dos ‘vouchers’, Duarte Gomes salienta que “a justiça desportiva já se pronunciou e a civil fá-lo-á nos moldes que entender mais justos e adequados” mas lamenta que elementos de arbitragem tenham ido a restaurantes com ‘senhas’ dadas por clubes.

“O que realmente me irrita, no meio disto tudo, são os tiros nos pés dados pela minha ‘malta’. Mais concretamente, o facto de meia dúzia de árbitros, árbitros assistentes e afins não terem resistido à tentação provinciana de comer de borla”, lembra Duarte Gomes, recordando que nem tinham essa necessidade.

“Como se não ganhassem o suficiente para irem ao mesmo restaurante (ou a outro qualquer) e pagar a conta do seu bolso.”

Para o ex-árbitro internacional, “aproveitar uma oferta de cortesia para encher a barriga sem gastar um cêntimo é o expoente máximo da falta de sensatez”.

Duarte Gomes nota nessa situação um “abuso puro” e a “demonstração que há, por aí, gente sem dois dedos de testa, capaz de se deslumbrar por tudo e por nada.”

O caso dos ‘vouchers’ voltou à agenda mediática no desporto nacional, depois de uma reportagem da ‘TVI’ que dava conta de que a Polícia Judiciária terá encontrado, alegadamente, indícios de corrupção na Luz.

Na reportagem da ‘TVI’, os alegados indícios de corrupção no Benfica, tinham que ver, supostamente, com refeições pagas às equipas de arbitragem.

O Benfica já se defendeu neste caso e comentou a oferta dos ‘vouchers’ dizendo que foi sempre feita “às claras e de forma transparente”.

O clube da Luz criticou ainda a ‘TVI’ pela notícia dos alegados indícios de corrupção horas após a apresentação das contas “catastróficas” do FC Porto.