Empresário ligado ao FC Porto diz que há salários em atraso

João Rafael Koehler exige que a SAD dos dragões venha a publico “explicar algumas coisas”. O empresário e sócio do FC Porto, que já tinha dado conta de que na sua previsão económica a sociedade que gere o futebol profissional dos portistas “está hipotecada para os próximos 15 anos”, volta a público para reforçar a sua preocupação e faz outras revelações.

“O problema é que mesmo entrando na Liga dos Campeões a fase do FC Porto ‘quando se senta a tomar café é o café de há 30 dias’. Ou seja está a tomar um café que daqui a 30 dias não o pode tomar. Estamos a falar em bom português para que todos entendam”, explica o empresário, em entrevista à ‘TSF’.

A situação é de tal modo que Koehler vai mais longe e fala em pagamentos em atraso no clube.

“Quando percebermos que o FC Porto está atrasado a pagar bónus, basicamente aos jogadores, basicamente tem salários em atraso. Isto tem que ver com a gestão financeira. Mas há uma coisa pior”, alerta, justificando depois a sua visão.

“Conseguimos ler nas contas que o FC Porto assinou acordos que não são revelados com quem e com que teor para a transação dos passes e se esses acordos vão limitar o nível de receita que vamos obter. Ou seja, eu presumo que a SAD já terá feito acordos, presumo mas com muita segurança, com agentes de jogadores e sociedade que lhes adiantaram dinheiro, que quando se venderem passes de jogadores nós não vamos receber o valor que pensamos que vamos receber”.

No que toca a transferências, Koehler lamenta ainda que “sempre que o FC Porto vendeu um jogador” cerca de “41 por cento” do dinheiro se tenha perdido “em comissões e outros custos”. “É uma coisa que não se existe em lado nenhum do mundo. É uma coisa impossível de se aceitar”.

João Rafael Koehler, que recentemente viu o seu nome ser associado à luta eleitoral nos dragões, comenta ainda a divulgação da candidatura de José Fernando Rio à presidência dos portistas.

Koehler vê com bons olhos o facto de os portistas terem a possibilidade de escolha no ato eleitoral.

“É sempre saudável que existam vários candidatos, várias ideias e projetos que sejam diferentes ou que convirjam. Mas acho absolutamente necessário para o clube é que os sócios e os adeptos entendam que tem de haver uma rutura com o atual modelo de gestão. Nós não estamos em 1985.”

Na entrevista à ‘TSF’, Koehler deixa ainda um conselho aos dragões. “Não se pode passar a vida a pedir dinheiro emprestado às pessoas para pagar um passe de jogador ou para pagar o bónus do administrador ou para pagar o bónus de jogo aos jogadores. Não é assim que funciona. Esta gestão financeira tão disparatada acaba por ter reflexos nos resultados desportivos”.

Nos últimos dias, decorreu a divulgação das contas da SAD portista que refletem um resultado líquido consolidado negativo de 51,854 milhões de euros no primeiro semestre da época desportiva 2019/20, justificado pela qualificação falhada para a Liga dos Campeões.