Pinto da Costa foi este fim de semana eleito para o 15º mandato como Presidente do FC Porto, numas eleições que, como esperado, foram uma mera formalidade. Para este mandato Pinto da Costa fez algumas alterações à sua equipa, nomeadamente o regresso de Fernando Gomes e Vitor Baía ao papel ativo no clube. No entanto, importa olhar com atenção a outros nomes, nomeadamente ao Conselho Superior. Eis a sua constituição: Rui Moreira, Felisberto Querido, Eduardo Vítor Rodrigues, Luís Montenegro, Pedro Marques Lopes, Jorge Filipe Correia, Manuel Macedo, Manuel Pizarro, António Bragança Fernandes, Fernando Cerqueira, Deocleciano Carvalho, Tiago Barbosa Ribeiro, Raúl Peixoto, Luís Artur Ribeiro Pereira, António José Sousa Magalhães, Jorge Cernadas, Matilde Passos Ribeiro, Nuno Cardoso, Manuel Ferreira da Silva e José Barbosa Moto.
Se alguns nomes são perfeitos desconhecidos e anónimos, outros há que estão, estiveram, ou podem vir a ter papel de relevo, em diversos quadrantes.
É o caso de Nuno Cardoso, Presidente da CM do Porto pelo PS, entre 1999 e 2002, sucedendo na altura a Fernando Gomes, que é atualmente Vice-presidente do FC Porto para a área financeira. Este foi o responsável pela dimensão assumida pelo Plano de Pormenor das Antas, o qual levava a cabo uma intervenção urbana que o próprio considera «só ter paralelo com o que aconteceu nos anos 50, quando foi desenhada a Avenida dos Aliados». Ora, na sequência deste processo, Nuno Cardoso terá lesado deliberadamente a autarquia em favorecimento do FC Porto, tendo o Ministério Público concluído que os cofres municipais foram prejudicados em 2,5 milhões de euros. Mais, na altura, ao mesmo tempo que exercia funções autárquicas, Nuno Cardoso detinha um cargo no Conselho Consultivo da SAD portista. Em 2000 havia sido distinguido como sócio do ano, nos Dragões de Ouro.
Naturalmente que é má fé acusar Nuno Cardoso de conflito de interesses.
Rui Moreira (ou “Fui” Moreira). Para muitos o sucessor de Pinto da Costa, que desde há muito o suporta no panorama político e desportivo. «Rui Moreira seria um fantástico presidente da Câmara do Porto», em 2010; «Se Rui Moreira fosse candidato, eu não avançava», em 2020. Ficou conhecido como comentador desportivo, e protagonizou uma saída abrupta de um programa do Trio de Ataque, quando acareado com o Apito Dourado e suas escutas. Naturalmente, não conseguiu lidar com a realidade. Fugiu como um rato, à margem do que é característico do clube que simpatiza. Já o seu dirigente máximo havia fugido para Vigo, quando confrontado com as buscas no Apito Dourado. É atualmente presidente da CM do Porto. Não obstante ainda não ser presidente do FC Porto, Rui Moreira já trabalha oficiosamente como tal em certas matérias. Está encarregue da concretização da Academia do FC Porto, um sonho do seu presidente. É de conhecimento público (o que torna tudo ainda mais vergonhoso) que já reuniu com colegas autarcas para discutir assuntos relacionados com a construção da academia. Certamente que será mais um projeto “à FC Porto”, como foi o Centro de Estágios do Olival.
Que achará o Boavista, o Salgueiros, e outros históricos clubes do Porto desta intromissão do presidente da CM do Porto no FC Porto? Foram ouvidos? Foram considerados? Foram respeitados? Que se diria se esta promiscuidade acontecesse em Lisboa?
E não deixa de ser curioso, no mínimo, vir à tona um fantasioso convite de Luis Filipe Vieira a Fernando Medina para a sua lista. Pois bem, é óbvio que Medina jamais aceitaria um eventual convite do Benfica. Presidindo à CM de Lisboa, o passo seguinte será a candidatura a Primeiro Ministro. Já Rui Moreira entrou na Câmara do Porto com o foco no seu clube. É diferente. Muito diferente. Não nos tomem por parvos.
Portanto, de 1990 até agora, a CM do Porto foi sempre presidida por alguém intimamente ligado ao FC Porto, direta ou indiretamente. Rui Rio foi a exceção, entre 2002 e 2013. E porquê? Porque alegadamente não punha o Desporto como prioridade máxima, algo que Pinto da Costa não aceitava, tendo-o inclusive considerado persona non grata, e impedindo-o mesmo de entrar nas instalações do clube em vários ocasiões. Além do mais Rui Rio reconhecia na altura do Plano de Pormenor das Antas que a CM Porto não tem os meios necessários para comparticipar no projeto, algo que constituiria mais uma afronta para Pinto da Costa, tendo a sem vergonha de dizer que «Rui Rio não tinha capacidade para gerir um quiosque».
Analisando o concelho vizinho, Vila Nova de Gaia, constatamos mais curiosidades. Eduardo Vitor Rodrigues foi eleito em 2013 como Presidente da Câmara, e foi inclusive convidado a integrar a SAD portista, algo que não se concretizaria. Eduardo Vitor Rodrigues sucedeu a Luis Filipe Menezes, que estava no cargo há 16 anos. Neste período, ofereceu o Centro de Estágios do Olival ao FC Porto, num dos negócios mais escabrosos e que mais lesaram o erário público. No período mais atribulado em torno do Plano de Pormenor das Antas, Luis Filipe Menezes ofereceu-se a recebeu o projeto em Gaia. Grande amigo!
Bragança Fernandes passou de vice para Presidente da CM da Maia em 2002, tendo lá ficado até 2017. Desempenhou vários cargos no FC Porto.
Luis Montenegro. Mais um político. Destacar que perdeu as eleições do PSD para Rui Rio, sendo este último um dos “ódios” de estimação de Pinto da Costa, visto não ter alinhado nos seus egos, como por exemplo Nuno Cardoso. Na sua atividade política, Luis Montenegro é suspeito de ter falsificado documentos que serviam de prova à forma como e quanto pagou as viagens que fez a França para assistir a jogos do Euro 2016
Tiago Barbosa Ribeiro. Desde Fevereiro deste ano é Presidente do PS Porto. Desde cedo tem um registo sujo, destacando-se a suspeita do crimes de falsificação de documentos, no preenchimento de fichas de filiação no partido na concelhia de Coimbra. Fez um acordo para que o caso não prosseguisse para julgamento. Assunção de culpa. Mas Tiago Barbosa Ribeiro ganhou mediatismo após se ter descoberto que fazia parte de uma rede montada pelo FC Porto para atacar o SL Benfica, no famigerado e vazio de conteúdo caso dos emails. Personagem ligada a, por exemplo, Pedro Bragança. Tiago Barbosa Ribeiro tem aqui um prémio de carreira (ainda curta) e certamente pode aspirar a voos mais altos.
Pedro Marques Lopes. O melhor especialista de tudo e de nada, do futebol à política, do cinema à música. Já distinguido como Sócio do Ano, tem como modo de vida além de comentar tudo e nada, atacar o SL Benfica. Foi e é também um peão do FC Porto na sua estratégia de comunicação. Um caso de “gratidão, admiração e amizade eternas”.
É caso para perguntar para onde o famoso centralismo de deslocou. O FC Porto controla, politicamente, a seu belo prazer os municípios do Porto, Gaia, Maia, Gondomar, etc. e joga os nomes em ambos os tabuleiros: politico e desportivo, como se pode constatar também na influência desportiva da AF Porto e do seu presidente, J. Lourenço Pinto. O modus operandi habitual é começar num dos tabuleiros e passar mais tarde para o outro, chegando ao desplante de haver gente sem qualquer noção a acumular funções, apenas pela promiscuidade política e desportiva. O propósito é unicamente beneficiar o Futebol Clube do Porto. Apenas e só.
Agora que as Eleições já aconteceram, é também tempo da SAD do FC Porto começar a arrumar a casa, e o Polvo das Antas sugere algumas perguntas que a comunicação social atenta pode questionar:
1) Que se passa com Nakajima?
2) Já há dinheiro para o pagamento de salários e prémios em atraso?
3) Será respeitado o próximo pagamento do Empréstimo Obrigacionista?
O campeonato nacional continua em disputa, faltam 9 jornadas. Não é por haver problemas (inegáveis) internos que deixaremos de estar atentos a ameaças externas e movimentações obscuras. E do FC Porto, claro está, não se podia esperar outra coisa.